domingo, 5 de setembro de 2010


Chegamos às pedras e lá sentamos. Ela começou a falar:

“Não passamos de raios de luz adornados pela escuridão, tudo que glorificamos parou de flutuar; estamos no chão. Você já não representa mais os caminhos, você já não consegue mais brilhar nos céus, você não...”

Parei e a mirei nos seus serenos olhos castanhos. Atentei-me que a ela lhe gostaria ouvir alguns dizeres em retorno a sua fala. Eu não sabia o que contestar, gostaria de sussurrar em seu ouvido que a idolatrava, mas não poderia. Comecei calmamente:

"Não sei ao certo o que esperas ouvir, minha amada, mas a verdade é que junto a ti (como estamos vivendo) não consigo mais ver Eos chegar, minhas noites tem sido eternas. Queria ter o dom de Nereu e poder transformar cada linha do nosso tecido da vida para que estejamos entrelaçados, mas estou em máxima consternado. Não existem mais campos verdes com nascentes flores ou jovens crias de seres em glória."

Ela colocou sua delicada mão sobre a minha, a envolveu carinhosamente. Mergulhou em meus olhos e sabia que agora já não éramos mais um único pensamento, sabia que naquele momento acabáramos de oficializar a ramificação de nossa mente, de nosso coração; éramos dois ou mais, talvez.

Eu contemplei as lágrimas que escorriam em sua face e ela se tornou feliz com as que caiam sobre a minha. Juntos choramos. E essas lágrimas então brilharam e nossos olhos se tornaram novamente cintilantes ao enxergar a luz que Hélios agora trazia mais uma vez.

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