sábado, 28 de maio de 2011

Suspiro de um Coração Saudoso


Olhou nos meus olhos
Tentou se aproximar; com medo
hesitou e repudiou minhas lágrimas

Os segundos passam rapidamente
As horas são preenchidas pela minha ausência
Os dias se resumem em um único dia

Os toques se calam
e os meios não se encontram
a saudade me possui

Tento exorcizar essa cachoeira
de vontade que transborda em mim
Afogo-me nessas águas

Não sou um pássaro que insiste em cantar
Você é a melodia que brilha em mim
Se não a toco, não posso viver

Morro em ditos infelizes
de um coração que desampara tanto afago
Ainda que more em mim

Não há perdas de mim ou você
Não há súplicas
São vibrações honrosas que só sinto ao tocar você.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Contos de Eric Lima - Parte III


Hoje despertei na madrugada e me levantei da cama. Abri a janela do meu quarto imaginário e pude ver a Lua. E as estrelas. Uma perfeita harmonia; tão real.

Eu comecei a pensar, ainda que eu soubesse que já vagavam ondas de telas e telas em minha mente antes mesmo que eu pudesse pintá-las. Telas desbotadas, telas adornadas de um belíssimo preto e branco, e telas coloridas.

Sentei-me na varanda e pude acompanhar o esplendor do dia nascer. Mergulhei em seus raios e me queimei de emoção.

Fiz uma fogueira de nuvens e me coloquei a arder em chamas. Dancei sobre aquele chão transcendente. Faíscas de Hefesto surgiam de mim. Algumas delas bailavam mais que outras e algumas nasciam e morriam. Era curioso de se sentir.

Uma faísca enorme surgiu de mim e ela queimava o passado, ardia vínculos sociais e profissionais. Atento para o fato de que, neste Conto, não falarei mais dos amigos e dos amores não vividos ou que um dia achei ter vivenciado. Achei ter.

O fogo queimou muita experiência e não as deixou escapar, consumiu todo conhecimento que viu pela frente e adentrou as terras dos poliglotas, ainda que não somasse tantas línguas assim a ponto de fazê-lo como tal. Meu pensamento agora brinca de cantar em vozes que não conheço.

Neste Conto eu tentei adentrar o mar e as terras da batalha, tentei ser mais forte. Há alguns meses eu prometi que domaria os mares como Poseidon e seria como Ares em meu dia a dia, mas o tempo me consumiu e me perdi em minhas tentativas.

Meu corpo queimou o fim de uma era que nunca começou. E queimou, também, os desconhecimentos do passado. Eu caminhei por águas de concreto e sempre que mergulhava eu ficava preso, imóvel. Era difícil mergulhar ali, mas com o tempo aprendi a moldar as suas ondas até poder chegar à beira e caminhar na floresta.

Há alguns meses as minhas chamas tem sido mais ardentes, mais cheias de si. Elas se tornaram abrasadoras e queimam com toda a força. O meu pensamento me contou um conto e neste me foi dito que as coisas um dia mudam e que me entregar a mudança era necessário; aprendi que a minha vida estava sendo moldada assim como as ondas que eu um dia moldei. Desta vez era prazeroso, era tudo feito por mim e pra mim. Que descoberta!

As dores já não sofrem mais e os gritos já se calaram. Os ventos já não passam sozinhos e as brisas, nos últimos tempos, chegam carregadas de carinhos. Vento o Sol, queimo a Lua, bebo amor, expiro a eternidade. Quem diria?!

Há chamas ciumentas que querem brigar com as outras; algumas se exaltam e fazem da floresta uma grande queimada. Mas logo são derrubadas pela chuva e as brisas chegam de novo. As piores são as gêmeas, que são parte uma da outra e há uma dependência entre elas, mas ainda assim continuam a se imporem entre si. É curioso que aqui, em especial neste parágrafo, eu não falo de mim. E não seria interessante nomear as letras daquele que eu penso, tampouco é interessante atentar a este fato que escrevo.

O fogo arde forte dentro de mim e consome cada pedaço do meu corpo. Chamei Afrodite e me surpreendi quando a ouvi gritar de dentro de mim. Felicidade.

As chamas que hoje queimam se acabarão, certamente. Meu corpo arderá tanto que se fará em Cinzas. Não porque vivi menos ou porque tudo que contei (ainda que não tenha sentido para a grande maioria que o estiver lendo) não teve importância. Aqui, quero dizer que, falo apenas de um e para um. E não há mais o que me importe ou o que eu tenha que descrever. Não pensei em palavras arrojadas ou palavras adornadas. Simplesmente soprei os pensamentos aqui. E a intenção não é que seja belo ou simples; é simplesmente que eu possa desafogar, que eu possa nomear as ondas que ventam em mim, ou melhor, que queimam em mim.

Eu poderia descrever milhares de ardências que queimam deste meu fogo, mas não haveriam espaços o suficiente e menos ainda lápis que escrevessem tão rápido quanto penso. Entrego-me a ausência de fatos e adentro as terras da eternidade. Minha memória queima intensamente dentro de mim.

Eu queimo aprendiz, queimo educador, queimo filho, queimo pai (ou pelo menos um alguém que tenta educar como tal) queimo diversão, queimo união, queimo ausência, queimo tristeza (as vezes é necessário).

Há algumas chamas que não pulam de felicidade e exalam confusão. Mas nunca são deixadas de lado pelas demais e são sempre acolhidas pela labareda central que exerce em meu ser. Eu gosto do Sol queimando em mim.

Há quase cinco atrás comecei a arder, hoje já não sei parar... A verdade é que tudo se resume as diversidades que vivo agora. E, como eu disse, as chamas de hoje certamente se acabarão. Elas deixarão de queimar e se apagarão. Restarão Cinzas de Mim. Mas o mais importante de tudo é que, hoje, sei que essas Cinzas se farão Fênix e guardarão toda a história que atualmente vivo. Queimarão, soprarão aos ventos e então poderão renascer. O que restam?! Cinzas de Vida. De amor. De você. Retifico, de Nós.