domingo, 24 de outubro de 2010

Um Alguém Que Se Foi


Hoje há uma grande tempestade
Não porque a chuva cai lá fora,
mas sim porque caem gotas de mim, de nós.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

As Mentiras de Um Ser


Ela me olhou e disse aos meus lábios:
- Não somos uma mentira. Somos parte do mundo, somos um.

Ele respondeu:
- O mundo, as pessoas. Isso basta.

Ela, chorando, contestou:
O mundo não importa. Nós sim.

E ele indagou:
- O mundo é a mentira, as pessoas são mentiras. Você é parte dele.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ato 14: A Obscuridade invade o Céu


Estou subindo, mais alto do que posso imaginar. E continuo  e continuo, e não encontro as minhas nuvens. Grito pela Lua e ela não me responde, procuro pelas estrelas e não posso vê-las brilhar. A chuva não cai, o céu é escuro, um vazio.

- Anthygono!

Vozes.

- Anthygono! Onde você está?

Silêncio.
Percebi que as vozes eram do meu pensar.

Estava tão escuro e eu flutuando por aquelas escuridão. Queria que todos pudessem ver minhas asas curadas e meus dons que me foram devolvidos. Mas ninguém estava lá.

Fui voando de nuvem em nuvem e elas estavam negras, mas elas não queriam chorar e eu não pude entender porque se tornaram tão obscuras.

O céu era pura trevas.

Corri até a nuvem dois. Chamei por Sophie, ela saberia me explicar. Ela estaria lá, certamente.

- Sophie!, estou aqui. Apareça!

Sophie rastejou por detrás de uma nuvem e mostrou-se amedrontada. Uma de suas asas estava coberta por uma poeira preta em escalas de cinza, era bonito de ser; mas percebi que não estava fazendo bem a ela. Bati forte a minha asa e soprei os males dali, a nuvem dois voltou a brilhar.

Perguntei a Sophie sobre o que havia acontecido enquanto eu estive fora.

- Mythis, meu eu, o Sol já não nos mostra os seus encantos e nós caímos na escuridão. Gloirius foi para um plano superior e nunca mais o veremos e até mesmo Kratija nos deixou; ela era tão bela, mas deveria ter caído em seu lugar, se mostrava sempre superior e a nuvem vinte e seis nunca a admitiu como tal.

Gloirius já queria partir há muito tempo, mas sabiamos que haveria um desequilibrio entre as nuvens. Kratija queria tomar o lugar dele e, o mais importante, sem Gloirius (e eu) ali as nuvens estariam sujeitas as dimensões mais negras do mundo vizinho. Eles queriam tomar as nuvens e fazê-las parar de respirar.

Sophie continuou:

- A Lua está muito assustada e não tem aparecido mais e por isso estamos em trevas, o Sol se recusa a acordar se a Lua não surgir e as estrelas... Frágeis estrelas. Algumas delas perderam o brilho; os Hooksvitz apareceram e as atacaram. Foi tão triste, seus gritos de dor, seus gritos de horror. A Lua fugiu. Nós fugimos. Precisamos de ajuda, Mythis. Não estamos preparados, não sozinhos.

- Sophie, eu disse, não tema. Há muito eu cai, mas estou de volta, vamos... [um barulho interrompeu]

- São eles, Mythis. São eles.

E Sophie voou.
Continue flutuando por ali e vi um pergaminho no chão; a letra era dela, de Sophie. Comecei a ler:

Hoje o Livro de Mythis foi aberto, só percebemos porque o seu brilhar encanta a todos. Houve uma tristeza enorme que invadiu todas as nuvens, alguma coisa havia sido modificada no Livro. Não sabemos quem tenha feito isso, mas afetou a todos. As Sagradas Páginas estavam tocadas e uma delas caiu. Estamos preocupados com que os humanos podem fazer se a encontrarem. Enviamos um Anjo para tentar buscá-la, mas ele ainda não retornou. Espero que Mythis esteja bem, sinto saudades daquela parte de mim.

São eles!
Estou chegando, posso ouvir o barulho. Que terror! Os gritos!
Preciso parar de escrever, eles chegaram, estão atacando e eu...

E já não haviam mais escritas, acredito que ela não teve tempo para terminar.
O que houve exatamente?! Acho que o ataque as estrelas.

Voei para a nuvem quarenta e dois.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Contos de Eric Lima - Parte II


É engraçado como o mundo continua girando diferente de mim, ou eu que continuo girando diferente dele. Minha cama de memórias foi trocada (estou sendo falho, na verdade o lençol ainda é o mesmo e eu só desenhei novas cores em cima dele).

Neste conto eu ganhei mais do que antes, não para eles, mas sim para mim. E se vocês leram a primeira parte destes Contos saberão que antes a lástima era mais presente.

Hoje eu brinquei e no meu jogo eu arrisquei por deixar os momentos me levarem, mas os momentos que me levam sempre são os momentos que eu mesmo crio; não sei se são válidos (já que deveriam ser ao acaso), mas eu sei que são eles que me mantém firme.

O meu jogo carrega regras para mim mesmo, e só para mim. Mas vamos aos participantes...
       Quem são? - Aqueles que estão a minha volta.
Brinco de amigo, brinco de família, brinco de professor e até mesmo de poliglota. Por falar em professor e poliglota, hoje sei que aqueles métodos que previ no primeiro Conto são reais; as táticas existem e estão crescendo a cada vez mais, hoje posso ver claramente um educador, que caminha pelas estradas da UERJ e que lá mesmo educa aos seus aprendizes, além de outros lugares mais em que pisa para transmitir o seu Espanhol. Dizem que estou aprendendo Italiano e um pouquinho (quase nada) de Japonês, mas a minha vontade mesmo é de aprender o Francês.

Ah sim, aqueles que se foram e que nunca aqui estiveram... Esses mesmo nunca retornaram e aquele que eu achei que aqui sempre estaria, não esteve e não estará. Às vezes liga (estou mentindo aqui, a verdade é que nunca liga e que eu sou 90% do contato que temos). Alguns dizem que ele se importa, ele diz se importar; acho que isso já não é tão válido pra mim ou pelo menos eu acho que não seja. Às vezes a saudade é grande.

Saudades, mais uma vez. Mas de que? De momentos?!
E a vida continua com a saudade de memórias inexistentes.

Estes dias eu toquei uma flor e ela logo se quebrou, chorei aos ventos. Por quê? - Me comparei a ela.

Confesso que meu Buzz Lightyear me levou ao além, mas não ao infinito. Mas o Homem-Aranha nunca mais apareceu e eu desisti de me magoar por isso, percebi que eu me tornaria um céu de angústias.

Hoje as flores caem mais belas, surgem mais preparadas. Os Contos deixam de ser dolorosos e ganham um ar de confiança. Não sei se não acertaram no ponto central da bomba que trabalha dentro de mim ou se estou mais ciente das coisas, mas o que acho é que as folhas já não são mais brancas e que me acostumei a pintá-las de preto (às vezes).

Eu gosto de desenhos e os desenhos gostam de mim, não sei se é porque são criações de mim ou se porque lhes dou liberdade.

Hoje peguei uma folha e rabisquei um “x”, foi grande e ele cegou um nome. As lembranças que estavam ali certamente estarão guardadas, mas sei que não poderão mais ser tocadas; e não sei também se quero. Não tenho tido mais tanta paciência para debater com o meu eu interior, às vezes me calo, às vezes o calo.

Quero correr pra minha floresta e plantar novos frutos, mas sei que tenho que preservar as antigas árvores, elas são históricas. Não sei se cavo com a mão ou se pego uma pá, mas a vida diz que com qualquer uma das duas formas tudo será trabalhoso. Eu já me acostumei em cavar em terras de incertezas; quando cavo, quase me deixo cair, quase me deixo superar.

Hoje os atos já não são tão falhos e me pergunto o que eu deveria fazer. A resposta eu sei que não tenho e ninguém tenta entender.

Quase me esqueço! Os amigos. Ah, os amigos!
Não existem. Pois é. Não que eu não os encontre ou que não os qualifique, porque não podemos qualificar esse tipo de relacionamento. Mas aprendi que os momentos são especiais em momentos especiais e esses momentos não duram mais que meia ou uma vida, talvez.

E os amores?!
São amores enquanto são curiosos. E eles amam as máscaras que temos. Quando a fidelidade do seu ser aparece, eles correm. E não pensem que estou dizendo que deixaram de ser amores, não! Eles não deixaram. Eles foram, mas já não são mais.

E os sorrisos?!
Eles existem, nem sempre são tão belos, na maioria das vezes eles são tímidos. E confesso que os meus, ultimamente, tem sido tão distantes.

A comédia não me agrada e adoro rir dos terrores, as pessoas não entendem e eu não tento explicar, não adianta! Já me esforcei muito para entendê-las, mas elas nunca tentam me entender. E quando você insiste, elas partem. Elas sempre partem. E sabe o que você deve fazer para isso? – Simples. Seja sincero! Os seus amigos são amigos porque gostam de ouvir o que querem que digam deles, mas quando você se sente intimo e na liberdade de se expressar e de mostrar sua opinião eles se assustam, sabia?! Nesse momento você nunca foi amigo. É triste.

Hoje sei que não preciso dos outros para continuar, mas sei também que não sou solitário por isso. Meu mundo vive cheios de completos e vazios, e entre eles estão todos que me tocam. Não quero que sejam como um balançar, ora estão no alto, ora voltam a superficie, porém eles fazem seu balanço.

Hoje sei que o meu mundo é mundo porque o faço mundo e que as fantasias dele só depende de mim mesmo. E posso até citar o meu primeiro Conto aqui:

       “Novas pessoas novamente, novos ambientes de novo, tudo novo de novo.”

Meu mundo foi renovado e ainda está sendo, as comédias da vida já me tocaram e hoje estou mais sereno, mais tranquilo. Meu humor foi trocado. Desde sempre adorei as ficções cientificas e os filmes mais intelectuais, mais pensadores. Mas me disfarcei por um tempo para rir com as pessoas que estavam a minha volta. Já fui comédia, durei muito no drama, o suspense quase me matou.

Os humanos são engraçados. Alguns dizem que não. Mas eles são o tipo de terror que eu costumo rir.