sexta-feira, 1 de março de 2013

Canção de Mim Mesmo


Eu celebro a mim mesmo, 
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você.

Vadio e convido minha alma,
Me deito e vadio à vontade...
observando uma lâmina de grama do verão.

Casas e quartos se enchem de perfumes...
as estantes estão entulhadas de perfumes,
Respiro o aroma eu mesmo, e gosto e o reconheço,
Sua destilação poderia me intoxicar também, mas não deixo.

A atmosfera não é nenhum perfume...
não tem gosto de destilação... é inodoro,
É pra minha boca apenas e pra sempre...
estou apaixonado por ela,
Vou até a margem junto à mata sem disfarces e pelado,
Louco pra que ela faça contato comigo.

A fumaça de minha própria respiração,
Ecos, ondulações, zunzuns e sussurros...
raiz de amaranto, fio de seda, forquilha e videira,
Minha respiração minha inspiração...
a batida do meu coração...
passagem de sangue e ar por meus pulmões,
o aroma das folhas verdes e das folhas secas,
da praia e das rochas marinhas de cores
escuras, e do feno na tulha,
O som das palavras bafejadas por minha voz...
palavras disparadas nos redemoinhos do vento,
Uns beijos de leve... alguns agarros... o afago dos braços,
Jogo de luz e sombra nas árvores
enquanto oscilam seus galhos sutis,
Delícia de estar só ou no agito das ruas,
ou pelos campos e encostas de colina,
Sensação de bem-estar... apito do meio-dia...
a canção de mim mesmo se erguendo
da cama e cruzando com o sol.


Canção de Mim Mesmo,

de Walt Whitman