sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fragmento de Uma História


As folhas secas despertam a primavera que há lá fora. O mundo gritou meu nome, mas eu não soube responder. Os ventos surgem mais fortes que antes e eu acho que posso correr nas ruas. Elas são solitárias e agora a noite cai, não sei dar espaço ao tempo e não sei dar tempo ao espaço, logo faço a união das minhas linhas e as interligo em mim. Vivo como um passaro que canta meus bens, canto minhas histórias pro Sol ouvir; agora que a noite me acaricia, eu sento à beira da rua e deixo meu olhar adentrar profundamente a Lua; como é bela!

Há muito vento por aqui e as nuvens da manhã se esconderam. Há um belo céu estrelado e me banho em gratidão. Não sei ao certo a que sou grato, mas me sinto dominado pelo espirito noturno.

Ouço uma melodia ao fundo que me balança em seus braços, não me dedico a entender o que se é dito, meus pensamentos se concentram em jorrar as letras que agora escrevo. Não estou em um mundo épico e não estou num mundo tonto, estou aqui, estou ali, estou lá em baixo, estou lá em cima, estou no meio, estou. Apenas estou.

Eu poderia dizer que sou as correntes de um mar uivante que grita por suas conquistas e suas derrotas. Já engoli muitos navios e os guardo eu meu museu. Eu sou gelo e sou, também, fogo ardente. Eu sou o Sol que morre em mim e sou a Lua que nasce aqui. Mas no fim, não quero fazer com que pensem que sou tão somente esse mar uivante. Resumo a dizer que sou eu e que sendo eu me sinto em mim.

Um fragmento de mim caminha pelo quarto, as luzes estão apagadas e o vento sopra distante. Estou deitado e numa fração de segundo estou em pé. Me sinto triste, mas me sinto honrado. Converso com dois, mas quero um. Me sinto no meio de um grupo que não posso dominar. Sinto que toco muitos e que poucos podem me adentrar, mas ainda assim insisto numa ligação frequente com o mundo externo.

Dos tesouros que escondi, apenas um eu encontrei. Plantei árvores de segredos e hoje colho frutos de fantasias. Imagino cada passo de mim e sem saber que posso muito acabo por andar um kilometro ou dois. Nado nas minhas dunas e acabo encontrando um oasis; sou águas abundantes em meio a um deserto; sou a necessidade de uma miragem inalcançavel. Sou histórias que não se explicam, sou meios que não possuem inicio e fim, mas que apenas nascem.