quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ato 15: Lágrimas de Mim


Chegando a nuvem quarenta e dois, me perdi em mim. Eu não encontrara os ventos como os deixei. As brisas se tornaram furacões e as tempestades predominavam. As crianças eu não via e os mais sábios já não conheciam tanto a ponto de sobreviverem.

Continuei flutuando por ali e, ao canto, vi alguém se escondendo. Eu disse: “Não tema, é Mythis que está aqui”. E, desesperadamente, aquela menininha correu para os meus braços. Seus olhos azuis iluminaram todo o trajeto por onde ela passou, eram lindos. O medo dela era transparente em seu corpo, ele tremia, exalava dor, estava totalmente destroçado pelo terror. Eu não pude suportar aquela dor. Foi então que voei, voei tão alto quanto eu poderia e cheguei ao último estágio de nuvens existente; continuei voando e depois cai como um raio; parei no meio de tudo e explodi. Explodi luz e usei de todo o poder do livro que criei para restaurar e restabelecer tudo que havíamos perdido. Eu gritei, era demais para mim.

Sophie chegou voando, era a única que não seria cegada pela minha luz. Era a parte de um andrógino que há milhares de anos fora dividido em dois. Era o outro “eu”. Ela me abraçou e envolveu meu corpo com suas asas, era perfeito. Uma luminosidade ainda maior encantou os céus. Os humanos acharam que o Sol iria abrasar a Terra, mas o Sol (naquele momento) era feito de mim e eu o usei para queimar as impurezas daqueles que abrigavam as nuvens. Uma tempestade passou por ali. Raios e trovões, tremores e gritos. Fim. Os males haviam sido destruídos.

Os detalhes eu não sei contar agora, os sentimentos me tocam e caem lágrimas de mim. Naquele momento eu lembro ter caído sobre a nuvem dois e lá ter ficado desacordado (foi Sophie quem me contou). Preciso visitar a Lua e respirar um pouco. O próximo ato é importante para mim.