quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ato 14: A Obscuridade invade o Céu


Estou subindo, mais alto do que posso imaginar. E continuo  e continuo, e não encontro as minhas nuvens. Grito pela Lua e ela não me responde, procuro pelas estrelas e não posso vê-las brilhar. A chuva não cai, o céu é escuro, um vazio.

- Anthygono!

Vozes.

- Anthygono! Onde você está?

Silêncio.
Percebi que as vozes eram do meu pensar.

Estava tão escuro e eu flutuando por aquelas escuridão. Queria que todos pudessem ver minhas asas curadas e meus dons que me foram devolvidos. Mas ninguém estava lá.

Fui voando de nuvem em nuvem e elas estavam negras, mas elas não queriam chorar e eu não pude entender porque se tornaram tão obscuras.

O céu era pura trevas.

Corri até a nuvem dois. Chamei por Sophie, ela saberia me explicar. Ela estaria lá, certamente.

- Sophie!, estou aqui. Apareça!

Sophie rastejou por detrás de uma nuvem e mostrou-se amedrontada. Uma de suas asas estava coberta por uma poeira preta em escalas de cinza, era bonito de ser; mas percebi que não estava fazendo bem a ela. Bati forte a minha asa e soprei os males dali, a nuvem dois voltou a brilhar.

Perguntei a Sophie sobre o que havia acontecido enquanto eu estive fora.

- Mythis, meu eu, o Sol já não nos mostra os seus encantos e nós caímos na escuridão. Gloirius foi para um plano superior e nunca mais o veremos e até mesmo Kratija nos deixou; ela era tão bela, mas deveria ter caído em seu lugar, se mostrava sempre superior e a nuvem vinte e seis nunca a admitiu como tal.

Gloirius já queria partir há muito tempo, mas sabiamos que haveria um desequilibrio entre as nuvens. Kratija queria tomar o lugar dele e, o mais importante, sem Gloirius (e eu) ali as nuvens estariam sujeitas as dimensões mais negras do mundo vizinho. Eles queriam tomar as nuvens e fazê-las parar de respirar.

Sophie continuou:

- A Lua está muito assustada e não tem aparecido mais e por isso estamos em trevas, o Sol se recusa a acordar se a Lua não surgir e as estrelas... Frágeis estrelas. Algumas delas perderam o brilho; os Hooksvitz apareceram e as atacaram. Foi tão triste, seus gritos de dor, seus gritos de horror. A Lua fugiu. Nós fugimos. Precisamos de ajuda, Mythis. Não estamos preparados, não sozinhos.

- Sophie, eu disse, não tema. Há muito eu cai, mas estou de volta, vamos... [um barulho interrompeu]

- São eles, Mythis. São eles.

E Sophie voou.
Continue flutuando por ali e vi um pergaminho no chão; a letra era dela, de Sophie. Comecei a ler:

Hoje o Livro de Mythis foi aberto, só percebemos porque o seu brilhar encanta a todos. Houve uma tristeza enorme que invadiu todas as nuvens, alguma coisa havia sido modificada no Livro. Não sabemos quem tenha feito isso, mas afetou a todos. As Sagradas Páginas estavam tocadas e uma delas caiu. Estamos preocupados com que os humanos podem fazer se a encontrarem. Enviamos um Anjo para tentar buscá-la, mas ele ainda não retornou. Espero que Mythis esteja bem, sinto saudades daquela parte de mim.

São eles!
Estou chegando, posso ouvir o barulho. Que terror! Os gritos!
Preciso parar de escrever, eles chegaram, estão atacando e eu...

E já não haviam mais escritas, acredito que ela não teve tempo para terminar.
O que houve exatamente?! Acho que o ataque as estrelas.

Voei para a nuvem quarenta e dois.

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