Cheguei a conclusão de que não vivo
Morri com os românticos de anos atrás
Vivo buscando a flor bela de um campo meu
e nunca a encontro nos campos teus
Me cego com dois ou três
e me perco em cinco ou seis
Me completo apenas por um,
mas nestes tempos não encontro nenhum
Planto cravos e espinhos,
colho gramas murchas e incapazes de viver
Reluto vida, reluto amor
Encontro dor, planto dúvidas
Sou o pólen das flores tuas,
mas minhas abelhas brincam em outros jardins
Não cai na febre dos fenos,
mas teus lírios me afastam demais
Brinco de Eva ao morder o fruto proibido
e encontro Adão nas minhas fronteiras
Sou Perséfone em nosso âmago e Atenas quase sempre fui;
me transformo em Afrodite e acabo como Artêmis
Sou a incerteza de dois corpos
envolvida no meu ser
Sou a vontade louca de amar
e a medida envolvente de outros seres em minha vida.