terça-feira, 9 de setembro de 2014

Um Conto (Abstrato) do Almejar


Foi-se o tempo de uma era incerta, foram-se os versos de frases concretas. Detalhes a vista de uma vida finita divertem-se no balanço do meu quintal, a grama verde reluz o Sol e a árvore que plantei segue crescendo.

Os teus olhos cintilantes bordaram os meus cristais. Sois belo, puro, leal; sois vida, vitral. Correndo contra o vento à beira mar, gritando pro Sol a alegria a compartilhar, caindo a noite... Luau; caindo a noite...

A marcha da vida nunca teve melodia. Sem premissas, se objetiva viver. A marcha da vida nunca teve melodia, sem ânsias e expectativas, movemos o nosso ser.

Contamos um, dois, três. Podem passar mais e renascermos um pouco depois, trocar os hábitos e os jornais. Trocar os programas de TV... Passou 4, 5, 6... Quiçá compartilhar de novas paisagens, ventos e harmonias, quem sabe então cantarmos juntos uma melodia.

A marcha da vida nunca teve melodia. Cante comigo a sua autoria! Sem almejar mais nenhum futuro, "carpe diem", assim disseram, "carpe diem" assim fizeram. Não sejas só mais um dia, mas não nade em agonias de amanhãs que não sabemos. "Aquilo que foi e que será, e até mesmo aquilo que é, não somos capazes de saber, mas quanto àquilo que devemos fazer, não apenas somos capazes de saber, como também o sabemos sempre, e somente isso nos é necessário.¹"

Não se preocupe com o amanhã, jamais! Meu hoje será teu, já que o teu hoje é meu. E sendo nosso hoje, o faremos digno de sê-lo amanhã. E enganamos essa vida sem harmonia, louca, minimalista, cuidadosa e medrosa e pularemos ondas de alegria. Ainda que eu não saiba nadar.

¹ Referência a Tolstoy

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