sexta-feira, 30 de julho de 2010
Ato 1: O Cantar
Eu me lembro de um dia em que estava passeando pelo ar e me deparei com um rapaz. Ele tinha altura mediana, um pouco menor que eu. Seus cabelos eram de cor castanho escuro e seus olhos brilhavam num lindo preto. Ele dirigiu-se a mim e disse:
- Você não canta bem.
Mas você nem se quer me ouviu cantar!
- Eu aposto as minhas asas que você não canta melhor que eu.
Eu já o tinha ouvido cantar antes e, digo-lhes, não eram sedas que tocam os ouvidos. Eram fios grossos. Respondi:
Se eu ganhar, eu fico com suas asas e assim poderei voar mais alto.
Chamamos Anthygono para nos ouvir e então ele começou:
- Lioris shkanibdus ondra erc ♪
Em uma linguagem própria daqueles que andam sobre o ar
Comecei eu (a mesma melodia):
Lioris shkanibdus ondra erc ♪
Anthygono disse: Ele me agrada mais, Mythis.
Eu protestei, não podia acreditar. Mas o homem me falou:
- Eu apostaria a minha vida contigo, Mythis. Você já não suspira mais os ares onde andas. Suas faces são melancólicas e você não inspira o auge dos campos daqui. Suas histórias se tornaram cinzas e o seu ser arde em chamas; chamas de tristeza, de agonia. Sua expressão não poderia ser melhor ou pior que a minha. Ela não existe, logo não pode competir. É uma pena que rastejes por aqui. Sei que um dia já foste um belo Anjo.
E suas palavras então me calaram. Abandonei mais uma nuvem.
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